segunda-feira, 19 de março de 2012

Depoimento de um ouvinte


O ano era 1998 e o programa dedicado aos Beatles. Não lembro bem o horário e os dias em que ia ao ar, mas nunca esqueci a vinheta que repetia “Beatles! Beatles! Os Garotos de Liverpool!” incessantemente. Essa, com exceção de outro programa onde eu pedia sempre a mesma música, foi minha experiência mais próxima de ouvinte de rádio.

Já em 2012 me aproximei mais do universo radiofônico, mas dessa vez com a frequência AM, que ouço todos os dias, de segunda à sexta e aos domingos pela manhã.

Confesso que não esperava por isso. 

O mundo das rádios AM é algo a parte. Ouvintes de FM buscam as novidades do mundo da música e os “sucessos que tocam na balada”, como dizem os locutores; os programas são predominantemente musicais e, quando muito, completam o quadro com algum tipo de humor ou com informações leves.

O ouvinte de AM procura informação, quer saber dos bastidores da construção de uma obra ou licitação, como está caminhando o processo de cassação desse ou daquele político. Estes ouvintes buscam seus direitos reclamando em seu programa preferido, querem estar a par das prisões efetuadas pela polícia; alguns até deixam seus filhos telefonarem para a rádio pra pedirem videogame!

Antigamente, eu acreditava que, se já não estivesse morta, a rádio AM estaria perto disso. Grande engano meu, que nunca sintonizei um programa dessa freqüência. Hoje vejo que a rádio AM continua viva e com particularidades e características que ainda prendem do ouvinte mais fiel àquele apenas curioso que quer saber “Qual a diferença entre FM e AM?”.

Afinal, onde mais se poderia acompanhar desde uma entrevista com o presidente da Confederação Brasileira de Dominó a uma com o presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão?

Luís Do Vale

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